Psicóloga explica os três passos principais da "educação positiva" para os pais.
Uma palmada não dói? Ou deixa marcas pro resto da vida? O Fantástico desse domingo (25) falou de uma discussão que agitou Brasília e que vai mexer com a vida das famílias.
A chegada do Felipe na família trouxe felicidade e um dilema.
“Pode bater, pode dar um tapinha no bumbum da criança, normal”, defende o comerciante Fernando Matos Leal.
“A primeira vez que meu marido deu uma palmada nele eu chorei junto. E eu sou contra”, diz a esposa Márcia Silva Santos.
Pra Márcia, palmada não educa: “Tive uma madrasta, apanhei muito dela. Mas não me acrescentou em nada. ”
O Fernando acha que pode ensinar alguma coisa pro filho desse jeito: “Acho que dá um limite. O basta é aquilo ali. ”
A discussão é polêmica dentro e fora de casa. Esta semana, o assunto provocou bate-boca no congresso. Os deputados discutiam um projeto de lei que está parado há três anos. É a chamada "Lei da Palmada", que proíbe castigos físicos em crianças e adolescentes. A presença da apresentadora Xuxa foi o começo de uma confusão.
“Mas a conhecida Rainha dos Baixinhos que no ano de 1982 provocou a maior violência contra as crianças em um filme pornográfico”, acusou o deputado Pastor Eurico.
Ela respondeu fazendo coraçãozinho com as mãos.
“É um desrespeito às crianças, ao nosso Brasil!”, continuou o deputado.
Tentou falar, mas foi avisada de que não poderia, porque era convidada.
“O pior, o que eu me senti mal ali na situação não foi nem o que eu ouvi, e sim o que eu não pude falar. Você pode ser julgada, condenada, crucificada ali e fica quieta. O que ele queria ele conseguiu. O minuto dele de fama”, contou Xuxa sobre a declaração do deputado.
O deputado Pastor Eurico, do PSB de Pernambuco, foi afastado da comissão. A sessão teve que ser encerrada. O projeto nem foi votado. Só mais tarde teve outra sessão e, aí sim, o projeto foi aprovado. Por unanimidade.
A lei ainda tem que passar pelo senado, mas foi rebatizada de “Menino Bernardo”. É uma homenagem ao garoto que foi morto no Rio Grande do Sul há mais ou menos um mês. Os principais suspeitos do crime são o pai e a madrasta.
O texto aprovado na câmara diz o seguinte: “Menores de 18 anos têm o direito de ‘serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante’”. E define castigo físico assim: "A ação de natureza disciplinar com uso da força física que resulte em sofrimento físico ou lesão à criança ou ao adolescente".
O que a lei não diz é que tipo de agressão pode ser considerada castigo físico, e também não prevê punição para os pais que descumprirem a lei. Vai ser papel do juiz decidir sobre a conduta dos pais.
“Vamos ter que analisar caso a caso. É impossível se definir o que é um castigo físico. Nós vamos ter que ver dentro da situação o que seja esse castigo e que trauma possa trazer ou não para a criança”, explicou o advogado Sérgio Calmon.
Pra quem defende a lei, o objetivo é pedagógico. “A lei deixa claro que todo tipo de violência física contra as crianças, que gere sofrimento físico, deve ser evitado”, disse o deputado Alessandro Molon.
Nem uma palmada. É o que Xuxa defende.
Fantástico: “O que você defende é a total ausência de violência? ”
Xuxa: “Isso. Eu acho que não tem que ter violência contra a criança. E ninguém está falando de como tem que ser feito. A gente está falando do que não pode ser feito. Não pode se usar violência.”
Foi um processo longo para que a Marilda aprendesse a tirar a violência da sua rotina com os seis filhos. “Olha, eu apanhava muito. Minha madrinha me judiava muito. Foi uma infância muito ruim, muito triste. Eu tenho marca no corpo até hoje disso e isso me trouxe muita tristeza. E eu achava que do jeito que ela me ensinava era o jeito de eu ensinar meus filhos. Toda a vez que eu batia nos meus filhos eu me sentia mal, muito mal mesmo”, confessou Marilda.
A Marilda procurou ajuda de uma psicóloga e começou a colocar em prática o que é chamado de "educação positiva". A psicóloga explica os três passos principais:
Número um: sempre conte até 10!
“Todo adulto que educa uma criança tem que ter uma bagagem de tolerância e de paciência um pouco maior. É aquele velho contar até 10. A gente tem que respirar, às vezes ter calma, ter firmeza na hora de falar”, contou a psicóloga Amanda Vilella.
Número dois: elogie bons comportamentos.
“A gente costuma punir, coibir o negativo. Mas se a gente valoriza, reforça positivamente acertos da criança esse efeito é muito mais rápido”, aconselhou a psicóloga.
Número três: dê responsabilidades.
“Nós adultos, geralmente, vamos lá e decidimos entre adultos e já comunicamos à criança. ‘Olha, agora você vai dormir com seu irmão mais velho’, ‘agora você vai mudar de quarto’. Envolva ela nessas simples decisões” é outra dica.
É claro que no começo tudo isso pode ser muito difícil.
“Mas a gente consegue, como eu consegui e vou adiante e tenho o amor dos meus filhos agora”, contou Marilda.
CássioFotografias com ConceiçãoPBOnline /G1