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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

As secas mais terríveis na Paraíba e no Nordeste brasileiro

Em agosto de 1999 o jornal A União publicou a síntese de uma pesquisa do engenheiro agrônomo Joaquim Osterne Carneiro intitulado “As Secas na Paraíba”. A pesquisa do professor cita que ocorreu em 1692 a primeira seca que flagelou o Nordeste. Aqui no estado da Paraíba as secas mais intensas ocorreram primeiramente nos anos 1723, 1745, 1777 e de 1791 a 1793.

Na foto de Roberto Guedes, açude Boqueirão, em Cajazeiras, há alguns meses.

Porém, foi a partir de 1877 que morreram de fome e sede meio milhão de nordestinos. Na seqüência, outros anos secos: 1900, 1903, 1904, 1915, 1919, 1930-1932, 1942, 1953, 1958, 1970, 1979, 1983 e 1998. Em 1999 a Paraíba sofreu com a seca verde. Houve problemas no abastecimento d’água.

Esta estiagem atual que começou em 2012 já é considerada uma das mais graves dos últimos 80 anos. O volume de água nos que a Paraíba dispõe hoje (28 de novembro de 2015) é de apenas 592,9 milhões de metros cúbicos d’água, ou seja, só temos nos açudes cerca de 16% de toda a capacidade de acúmulo nos reservatórios monitorados pela Agência Executiva de Águas (Aesa), que é de 3,7 bilhões de metros cúbicos d’água. Com exceção da Grande João Pessoa, todas as demais regiões do Estado sofrem com a escassez d’água. Em muitos municípios o abastecimento só acontece por meio de carros-pipa. Se não chover bem em 2016 o que será dos paraibanos?

Desertificação – A Desertificação na Paraíba”, uma síntese do Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca no Estado da Paraíba – PAE-PB é um estudo assinado pelos professores Bartolomeu Israel de Souza – CCEN/UFPB e Tarciso Cabral da Silva – CT/UFPB.
Estudos indicam que o clima no semi-árido está cada vez mais seco e a temperatura da região tem aumentado. Além disso, áreas sofrem com chuvas mais intensas e com intervalos maiores que a média histórica.

A Paraíba, com superfície territorial de 56.584 quilômetros quadrados, tem 70% desta área no polígono das secas. As áreas onde as intervenções de combate à desertificação são mais urgentes são o Curimataú Ocidental; Itabaiana; Cariri Oriental e Ocidental; Seridó Oriental e Ocidental; e as regiões polarizadas por Cajazeiras, Sousa, Catolé do Rocha, Patos, Itaporanga e Piancó.

“A Desertificação na Paraíba” é um importante documento que sintetiza a problemática do fenômeno no estado e aponta medidas para combater esse processo. Grande parte do território paraibano está inserida no semi-árido brasileiro região onde há um elevado índice de aridez (a água que evapora é bem superior à água das chuvas). No semi-árido as chuvas são escassas (de 250mm/ano a cerca de 1.000mm/ano). Nessas áreas o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano é baixo. As populações são ameaçadas pelos efeitos econômicos, sociais e ambientais negativos provocados pela desertificação.

A desertificação é um tipo de degradação ambiental que ocorre em zonas de clima seco. O fenômeno é muito antigo mas só na década de 1970 o mundo passou a estudá-lo com mais atenção devido a grande seca que afetou parte do continente africano.

Estudos comprovam que a alteração climática que está ocorrendo no planeta é em virtude das intervenções humanas. A aceleração do desmatamento e a emissão de gases poluentes estão afetando a distribuição das chuvas e as temperaturas, por isso cada vez aumenta o grau de aridez nas zonas de clima seco.

O Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca no Estado da Paraíba – PAE-PB é uma ação do Governo da Paraíba com os parceiros UFPB, UFCG e UEPB, Ministério do Meio Ambiente, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – INCA e a Associação para o Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia – SCIENTEC.

No estudo os professores doutores Bartolomeu e Tarciso apontam as medidas para combater a desertificação e alertam que evitar que ela ocorra é a melhor solução. A recomendação é que nas áreas a serem utilizadas para uso agropecuário sejam adotadas práticas de conservação do solo. O estudo cita nove práticas que evitam a desertificação: consorciação de culturas; redução ou eliminação das queimadas; cobertura do solo; rotação de culturas (usar diferentes culturas a cada ano nas terras onde se pratica a agricultura); adubação; faixas de retenção de terra; culturas em nível para conter a erosão; plantio de alimentos que possam servir de forragem para o gado e o manejo da Caatinga para produção de alimento para o gado.

No Brasil são 1.488 municípios suscetíveis de desertificação e onde vivem 30 milhões de pessoas. A área total é de 1.340.863 quilômetros quadrados.





CássioFotografias com Josélio Carneiro